24 agosto 2010

Como Chamar a Polícia

por Luiz Fernando Veríssimo

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e
fiquei acompanhando os leves ruidos que vinham la de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura,
com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado mas
era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.

Liguei baixinho para a polícia informei a situação e o meu
endereço.

Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no  interior da casa.
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura
por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.


Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

- Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal.
Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta  calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate , uma equipe de TV e a
turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do
Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi: - Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.

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