11 outubro 2010

[Festividades] Corda é promessa

Meu blog estava preparado há 4 meses atrás para enviar um post sobre o CÍRIO, mas hoje resolvi escrever, escrever pra quem lê esse blog que não é paraense, qual foi a sensação de ir na corda, até porque foi a minha primeira vez. 
Desde o dia em que minha mãe descobriu que estava com câncer eu fiz a promessa a nossa Senhora de Nazaré, que se ela fosse operada e não perdesse o seio, eu iria na corda, e só deixaria de ir, depois que ela recebesse um laudo dizendo que está curada, que não precisaria fazer mais esses tratamentos dolorosas que ela tem feito.
pois ontem foi o dia de cumprir com minha  "obrigação" com a Santa. E para sair na corda, tem que se acordar cedo, muitos vão na trasladação no dia anterior, ficam bebendo pelos bares da cidade na proximidades da IGREJA DA SÉ onde a santa passa a noite até o círio, e de onde ela sai para voltar à BASÍLICA SANTUÁRIO.

Eu fui a trasladação (sem arrependimento porque deveria dormir cedo, pra descansar) assisti uma parte, vi a minha santinha passar linda e reluzente por aquele mar de gente e fui pra casa para tentar dormir, cheguei 11h da noite e só tinha 3 horas até a hora de retornar a Belém, meu despertador tocou às 2h30 e levantei, preparei meu pé com esparadrapo (o que eu descobri que não adianta de nada só depois), cheguei na área onde ficam os cordeiros (promesseiros da corda) já havia um cordão humano feito pelos militares, onde eles diziam que só podiam entrar naquela área quem estava descalço, e eu estava.
Como eu cheguei 4 da madrugada percebi que tava lotado, já haviam pessoas marcando seu lugar na corda, algumas dormindo, outras acordadas, eu consegui entrar com uns meninos bastante engraçados e solidários por me darem um espaço lá, e às 7h30 começou a saída da corda, pra quem não é acostumado sente o impacto que é andar exprimido (até porque lá no meio existem promesseiros de 3, 5, 10 ou mais anos de corda), como havia dito era a minha primeira vez e todos os anos que acompanhava da televisão aquele sacrifício, achava que nunca iria lá, porque é abafado, por que minha terra é quente, porque eu sou fraca, pois estes medos findaram na hora do "VALENDO". Eu nunca pensei que conseguiria, só que ninguém sabe é que existe uma força, uma força estranha que te impulsiona para continuar. Também existem anjos que te acompanham a procissão inteira, te dando água, torcendo por você, para que consiga pagar a promessa, são anônimos que se sensibilizam com seu esforço, e estão assim como os cordeiros, pagando sua promessa como dar água, além dos adolescentes que trabalham voluntariamente na CRUZ VERMELHA.


Confesso que consegui ir até o ED. MANOEL PINTO DA SILVA (o prédio residencial mais antigo de Belém), e de lá fui expulsa da corda, até a televisão da cidade me captou chorando no momento que me tiraram da corda a primeira vez, enquanto meu corpo estava quente não senti o quanto era expremida, e nem sentia os ossos dos meus companheiros promesseiros também me machucavam. A corda foi cortada em frente a tv da cidade, e eu peguei o que pra mim foi um prêmio, um pedaço da prova da minha promessa: A PRÓPRIA CORDA.
Cheguei em casa às 12h40, meu corpo ainda quente não sentia dor, fui tomar um banho, e sentar para almoçar, o famoso almoço do círio: aquela maniçoba maravilhosa, um pouco do pato no tucupi, e não poderia faltar um suquinho de bacuri, e cama... Acreditam acordei agorinha (dormindo desde ontem após o almoço), e tô com dor em tudo, hoje eu vi os hematomas no meu corpo, como se tivesse ido no CLUBE DA LUTA, mas vocês acham que isso me fará desistir??? Pela minha mãe que me deu a vida e pela minha mãe do CÉU

ANO QUE VEM TEM MAIS

FELIZ CÍRIO!!!
A TODOS OS PARAENSES

Um comentário:

Aris do Mar disse...

É a fé! Parabéns pela coragem e ano que vem tem mais!