“Oh, pedaço de mim,
Oh, metade afastada de mim,
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento,
É pior que o esquecimento,
É pior do que se entrevar.
Oh, pedaço de mim,
Oh, metade exilada de mim,
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais.
Oh, pedaço de mim,
Oh, metade arrancada de mim,
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto,
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu.
Oh, pedaço de mim,
Oh, metade amputada de mim,
Leva o que há de ti,
Que a saudade dói latejada,
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi.
Oh, pedaço de mim, oh, metade adorada de mim,
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor,
Adeus.”
(Holanda, C.B., apud CARVALHO, 1982,p.40-1)
Um comentário:
O Chico é perfeito, sempre.
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