10 novembro 2009

Vailide seu curso feito no exterior

Para valer no Brasil, curso no exterior exige validação

Confira os cuidados necessários para conseguir aprovação do diploma

Publicado em 03/11/2009 - 12:00

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Por Bruno Loturco

Como conseguir a revalidação

- Antes de ir, assegure-se junto à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao MEC (Ministério da Educação) que o curso é sério e reconhecido no Brasil.
- Desconfie se a instituição de ensino estrangeira oferecer muitas vantagens e facilidades para cursar a graduação ou a pós-graduação.
- Compare a grade do curso pretendido com a do curso equivalente no Brasil, de preferência já na instituição onde pretende pedir a revalidação.
- Antes de voltar, vá ao consulado brasileiro do país onde você estiver para obter o carimbo que atesta a existência da instituição.
- Ao voltar para o Brasil, procure uma instituição de Ensino Superior pública para conferir os procedimentos necessários à revalidação.
- Cuide de todos os documentos relativos ao curso que você fez, como diploma, histórico escolar, trabalho de conclusão de curso e comprovante de presença.

Para ostentar no currículo um curso de graduação ou pós-graduação feito no exterior, exercer a profissão, participar de concurso público ou mesmo dar continuidade aos estudos, é necessário, antes, revalidar o diploma junto a uma IES (instituição de Ensino Superior) pública brasileira que ofereça o mesmo curso em mesmo nível, conforme determina o MEC (Ministério da Educação). Por isso, ao escolher a IES estrangeira, o interessado deve procurar saber se é uma escola reconhecida pelo MEC. Caso contrário, corre o risco de gastar tempo e dinheiro com um curso que não terá validade prática no Brasil.

Segundo Maria Dalva Silva Pagotto, secretária-geral da Unesp (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"), a revalidação é importante porque os cursos respeitam as necessidades de formação profissional de cada local. "Assim, cada país organiza seus cursos de acordo com o contexto cultural, social, econômico, histórico, tecnológico, científico e religioso", diz ela. Por isso, Maria Dalva explica que a revalidação de diploma compatibiliza conteúdos e garante que o curso feito fora equivale àqueles feitos no Brasil. "Ao revalidar um diploma, a Unesp diz que o profissional está apto a exercer o trabalho que lhe é permitido pela sua certificação", resume ela.

Uma das principais dificuldades das instituições, explica Maria Dalva, referem-se às divergências entre o currículo do curso feito no exterior e daquele para o qual o interessado solicitou a revalidação. Quem ilustra o exemplo dessa situação é Ângela Carvalho de Siqueira, professora da Faculdade de Educação da UFF (Universidade Federal Fluminense). "Aqui tínhamos só o mestrado acadêmico. Agora surge o mestrado profissional. Fiz o doutorado nos Estados Unidos, mas que não é igual ao doutorado no Brasil", exemplifica ela.

A secretária-geral da Unesp conta que a revalidação para o curso de Medicina, no âmbito da instituição paulista, é mais difícil por exigir do candidato o cumprimento de três etapas não requisitadas para os outros cursos. São elas: análise do currículo escolar; prova teórica de aptidão e estágio de adaptação na Faculdade de Medicina de Botucatu. Ela revela que os cursos com mais demanda para revalidação são odontologia, arquitetura e urbanismo, letras, agronomia e jornalismo e que a maioria das solicitações vêm da América Latina, principalmente da Bolívia.

Passos da revalidação

Ao receber a solicitação, a universidade vai buscar evidências da veracidade das informações fornecidas pelo interessado. Ou seja, se o curso e a instituição existem, qual a carga horária, o conteúdo aplicado e as exigências para conclusão, o que inclui presença mínima. O alerta da professora Ângela, nesse sentido, é para que o interessado em obter a revalidação providencie e guarde todos os documentos que comprovem a formação, como o histórico escolar e trabalho de conclusão de curso. João Nilton Fagundes de Oliveira, diretor da unidade de diplomas da UFPR (Universidade Federal do Paraná), afirma que a instituição não aceita pedidos de revalidação quando a documentação apresentada não está completa. Além disso, ele recomenda aos candidatos à revalidação que, antes de deixarem o país onde fazem o curso, levem os documentos ao consulado brasileiro local para que este ateste a existência da instituição.

Ângela explica que toda a documentação é encaminhada para uma comissão de professores que vai avaliar a concessão ou não da revalidação. "O parecer da comissão é avaliado pelo colegiado da pós-graduação do curso. Daí, a IES que fez a validação emite um certificado para atestar, junto ao MEC, a validade do diploma no país", afirma ela.

Devido à quantidade de etapas e verificações necessárias, esse processo costuma demorar, conforme explica Ângela. "Os professores que compõem a comissão têm de falar a língua do curso feito, mas há critérios que facilitam a validação de diploma de cursos feitos com bolsas Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) ou CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)", afirma ela. Isso porque esses cursos já têm reconhecimento junto ao MEC.

O custo do processo também não é baixo, destaca Ângela. De acordo com ela, fica em torno de R$ 800 na UFF. Além disso, há o custo das traduções juramentadas dos documentos a serem apresentados. A dica de Oliveira, é para que quem pretenda fazer um curso no exterior compare, antes de viajar, as semelhanças com o seu equivalente nacional. "Geralmente não dá 100% de equivalência, mas aí a universidade oferece as disciplinas para adaptação. A porcentagem para equivalência depende muito da comissão, mas nunca é menor do que 75%", garante. Ele conta que em alguns casos o processo pode se arrastar por ainda mais tempo, pois, se houver a necessidade de que o aluno curse disciplinas de adaptação, o interessado nem sempre consegue vaga de imediato. "Às vezes, a comissão autoriza que ele curse a disciplina em outra instituição brasileira", diz ele.


texto retirado do site universia

2 comentários:

Revoltado disse...

No caso de minha esposa eh ainda mais gritante.
Ela se formou no Segundo grau aqui e tambem eh brasileira. Antes de minha vinda para Chicago , minha esposa ingressou em um curso superior de enfermagem em Boston. Nos nos separamos por 3 meses porque ela nao poderia abandonar os estudos no meio do caminho, e me acompanhar da noite para o dia. Assim ela terminou um semestre em Boston e veio para Chicago.
Em 2000, ela se formou como enfermeira e se sentiu muito orgulhosa por conseguir isso, pois, foi a primeira na geracao de sua familia a ter um diploma universitario. Ela consegiu passar nos testes da associacao de enfermagem Americana na primeira tentativa e hoje eh Enfermeira chefe em um hospital de Chicago. Depois de mais de 10 anos na profissao, ela recentemente obteve um mestrado em ensino de enfermagem. Em 2011, minha esposa deu entrada para revalidacao de diploma de graduacao estrangeiro na USP. Praticamente ao mesmo tempo, ela foi chamada para ser professora de enfermagem em duas faculdades publicas em Chicago.
Como nao poderia deixar de ser em janeiro de 2012 veio o balde de agua fria . A USP negou revalidar o diploma de Graduacao de minha esposa. No texto anexo da USP podemos perceber onde alegam que minha esposa mudou de escolas. Aqui eh muito comum vc mudar de municipio e ter que trocar de escola para manter os precos dos estudos. Chegaram a dizer tambem que o o curriculo nao tem essa classe ou aquela. Eu acho bastante dificil uma escola nos EUA ter exatamente o mesmo curriculo que uma escola no Brasil. A comecar pela carga horaria. A maioria dos Bacharels aqui tem uma media de 2100 horas sem estagio. Enquanto no Brasil sao mais de 3100 horas sem estagio. De cara 30% do curso nao existe.
Em 2006 minha Irma veio para os Estados Unidos. Ela foi formada em odontologia pela UNIUBE e trabalhou varios anos para o governo brasileiro no Amazonas cuidando da saude dos nossos indios na cidade de Leticia no extremo oeste do Amazonas. A minha irma tem um sonho de cursar mestrado em uma instituicao nos EUA. Mas percebeu que o ensino universitario aqui eh carissimo. Nao deixando o sonho para tras, depois que ela se casou com um cidadao Americano, ela optou em fazer faculdade de enfermagem e trabalhar como enfermeira para custear o mestrado de odontologia.
Nao deixando de mencionar, hoje a minha irma eh aluna na faculdade em que minha esposa leciona enfermagem. Um pequeno exemplo, para mostrar que as duas brasileiras sao de se orgulhar. Tambem podemos perceber que ninguem eh barrado de continuar seus estudos nos Estados Unidos. Ela tambem poderia ser dentista se quiser complementar estudos, e pagar a complementacao, que seria bem mais cara do que o curso de enfermagem.
Recentemente, a presidente Dilma lancou um programa que se chama tecnologia sem fronteiras. Este programa fomenta a exportacao de estudantes brasileiros para outros paises, inclusive os EUA. Sao mais de 70000 bolsas em 4 anos. Eu acho uma excelentissima idea. Contudo, baseado em nossa legislacao atual esse programa eh illegal. O que eh legal para 7000 deveria ser legal para todos.
No programa, o estudante pode fazer parte dos estudos aqui e parte dos estudos no Brasil. Com isso as classes que foram feitas em escolas no EUA seriam validas automaticamente no Brasil. Neste caso estariam indo contra a legislacao. Como ja coloquei aqui, as escolas nao revalidam parte de um curriculo, mas sim o curriculo inteiro. E na maioria das vezes nao tem meio termo. Eh sim ou nao.
A arbritariedade em decisoes como essa eh um fato que assola o desenvolvimento tecnologico de nosso pais.
Desde ja peco desculpa pela falta de acentos nessa redacao. Estou escrevendo em um PC fora do Brasil usando um teclado para o idioma ingles.
Se vc leu o texto e este assunto lhe interessa, entre em contato com ourominas@yahoo.com
Vamos lutar nas redes socias para um Brasil melhor.

Gisele Lioli disse...

Achei interessante seu questionamento e foi a primeira vez que alguém colocou um relato dobre o assunto obrigada, anotei seu email para troca de experiências...